segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Um homem, seu cavalo e seu cão caminhavam por uma estrada. Quando passavam perto de uma árvore gigantesca, um raio caiu, e todos morreram fulminados. Mas o homem não percebeu que já havia deixado este mundo, e continuou caminhando com seus dois animais; às vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição...
A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte, eles estavam suados e com muita sede. Numa curva do caminho, avistaram um portão magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro da qual havia uma fonte onde jorrava água cristalina. O caminhante dirigiu-se ao homem que guardava a entrada.
“Bom dia.”
“Bom dia”, respondeu o guarda.
“Que lugar é este, tão lindo?”
“Aqui é o céu.”
“Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede,”.
“O senhor pode entrar e beber água à vontade.”
E o guarda indicou a fonte
“Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede.”
“Lamento muito”, Disse o guarda. “Aqui não se permite a entrada de animais.”
O homem ficou muito desapontado porque a sede era grande, mas ele não beberia sozinho; agradeceu ao guarda, e continuou adiante. Depois de muito caminharem morro acima, já exaustos, chegaram a um sítio, cuja entrada era marcada por uma porteira velha que se abria para um caminho de terra, ladeada de árvores. Á sombra de uma das árvores, um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu, possivelmente dormindo.
“Bom dia”, disse o caminhante.
“O homem acenou com a cabeça.”
“Estamos com muita sede, eu, meu cavalo e meu cachorro”.
“Há uma fonte naquelas pedras”, disse o homem indicando o lugar. “Podem beber a vontade.”
“O homem, o cavalo e o cachorro foram até a fonte e mataram a sede”.
O caminhante voltou para agradecer. “Voltem quando quiserem, respondeu o homem.”
“Por sinal, como se chama este lugar?”
“Céu.”
“Céu? Mas o guarda do portão de mármore disse que lá era o céu!”
“Aquilo não é o céu, aquilo é o inferno.”
O caminhante ficou perplexo. “Vocês deviam proibir que eles usassem o nome de vocês! Essa informação falsa deve causar grandes confusões!”
“De forma alguma; na verdade; eles nos fazem um grande favor. Porque lá ficam todos aqueles que são capazes de abandonar seus melhores amigos...”.


‘O Demônio e a Srta. Prym’
Paulo Coelho

7 comentários:

Anônimo disse...

muuuito bom o teeexto x)haisuahisuh :**

Yuri Valente disse...

muito bom mesmo,adoro os textos do Paulo Coelho :)

GabrielaGuerreiro disse...

isso nos faz refletir sobre a questão dos amigos de verdade. Aqueles que aceitam nossas próprias escolhas, como por exemplo, fazer parte de um grupo de jovens, e aqueles que nao aceitam, mas continuam sendo nossos amigos. É complicado lidar com esse tipo de situação. Qual seria o critério para decidir quem é o melhor amigo?

JRJ disse...

Eu acho que critéério pra decidir quem é o melhor amigo não tem,critério não porque uma pessoa não é obrigada a seguir uma regra pra poder ser o melhor amigo de outra.Acho que quando ela é verdadeira,nas suas decisões,nas suas palavras,nos seus atos,com relação a um amigo,ela sim está sendo verdadeira,está sendo um amigo de verdade.Eu classifico assim meus melhores amigos,aqueles que agem com total sinceridade comigo,me apoiam,me dão confiança,força,e me passam a certeza de que eu nunca vo estar sozinho! x)

: Yuri ;*

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

faço das palavras do Yuri as minhas palavras! ;]
muito bom esse texto !;*

Anônimo disse...

gostei do texto *-* =*